INOCAS: transformando a macaúba em bioenergia


SOLUÇÃO

O óleo de palma, também conhecido como azeite de dendê, representa o maior mercado de óleos vegetais do mundo e é uma das principais causas do desmatamento de florestas tropicais. A INOCAS (Innovative Oil and Carbon Solution), empresa focada em soluções inovadoras de óleos vegetais sustentáveis, tem como principal objetivo oferecer uma alternativa ao óleo de soja e de palma, visando a utilização da macaúba como fonte sustentável.

A empresa estabelece parcerias com agricultores familiares para o plantio da macaúba em sistemas consorciados com pastagens e lavouras, buscando diversificar a produção de maneira sustentável. A INOCAS fornece assistência técnica, investimentos e assume os custos relacionados ao plantio, enquanto os agricultores contribuem com a terra e a mão de obra. Na colheita, a divisão dos frutos é compartilhada entre a empresa e o produtor.

O modelo de negócios da INOCAS se baseia em uma parceria agrícola, onde a empresa investe integralmente no plantio, incluindo mudas, insumos agrícolas, maquinário e assistência técnica por 20 anos. Nos primeiros anos, a pastagem não pode ser usada para o gado, mas entre as palmeiras há espaço para outras culturas. A partir do quarto ano, o gado pode retornar, e a colheita da macaúba pode começar no quinto ano, com metade dos frutos destinados ao produtor.

Após a colheita, a INOCAS aproveita totalmente os frutos da macaúba, produzindo óleos da polpa e da amêndoa, tortas utilizadas na ração animal, granulado do endocarpo e créditos de carbono gerados pelo plantio. Essa abordagem holística contribui não apenas para a produção sustentável de óleos vegetais, mas também para a geração de produtos secundários valiosos.

HISTÓRIA

A INOCAS teve origem na Alemanha, a partir de um projeto de pesquisa na Plataforma de Combustíveis de Aviação Sustentável, em parceria com universidades renomadas. A iniciativa surgiu a partir de uma demanda da Lufthansa, que buscava alternativas aos combustíveis minerais. Durante a pesquisa, os pesquisadores descobriram a macaúba, uma palmeira brasileira com potencial de produção de óleo vegetal semelhante ao da palma, nativa e de ampla dispersão no país.

A proposta era integrar o cultivo da macaúba aos pastos de forma sustentável, aproveitando o segundo andar produtivo para a produção de óleo vegetal e utilizando os resíduos para a produção de ração animal. Além disso, as palmeiras serviriam como sombra para os animais e como postes para cerca.

Com a viabilidade comprovada, os pesquisadores decidiram fundar a INOCAS em 2018, iniciando o Projeto Macaúba com a meta de plantar 2 mil hectares em áreas degradadas em Minas Gerais. O projeto teve sucesso e levou à expansão para o Vale do Paraíba, em São Paulo.

Em 2020, a INOCAS iniciou novos estudos para identificar as melhores regiões e estratégias de expansão no Brasil, considerando aspectos climáticos, qualidade do solo, logística e mercado. A próxima expansão foi definida no nordeste paraense, em um projeto de 5 mil hectares, em parceria com a AMAZ, uma aceleradora de impacto especializada na região amazônica. A INOCAS busca unir forças locais para enfrentar os desafios específicos do ecossistema amazônico e continuar sua missão de promover a produção sustentável de óleos vegetais.


Se fosse para produzir óleo vegetal era melhor fazer soja ou palma, mas esses não geram impacto positivo. A missão inicial da pesquisa e da criação da empresa era fazer diferente com o impacto gerado.
— Johannes Zimpel, Diretor Executivo da INOCAS

PRINCIPAIS CONQUISTAS

  • A INOCAS foi selecionada entre 156 negócios para o programa de Aceleração da AMAZ em 2022 voltado para a região amazonica. A aceleradora de impacto que conta com um fundo de financiamento híbrido de R$ 25 milhões para investimento em negócios nos próximos cinco anos.

  • Foi uma das startups selecionadas para o programa de impulsionamento da Climate Ventures, Conexões Onda Verde, em 2022, e 1º lugar na chamada bons negócios pelo clima de 2020.

  • Participante da carteira FIP (Fundo de Investimento Florestal), reconhecido na categoria Regeneração.

  • A startup tem uma parceria de desenvolvimento com a Natura para o uso da macaúba em cosméticos. Outras possibilidades são o uso em bioplásticos, lubrificantes e tintas.


PRINCIPAIS APRENDIZADOS

A oportunidade de ampliar o conhecimento por meio da prática de campo é um aprendizado contínuo. Do ponto de vista pessoal, desfrutamos do privilégio de conviver com indivíduos incríveis, sejam colegas de trabalho, parceiros de negócios ou produtores colaboradores.

Proporcionar soluções que resultem em renda adicional e melhoria na qualidade de vida para os produtores é uma experiência extremamente gratificante.

O compromisso diário da INOCAS é destacar o valor da conexão entre o homem e o campo, explorando constantemente novas soluções e estabelecendo novas parcerias.

A integração da macaúba em sistemas agrossilvipastoris (ILPF) é promissora, podendo alcançar uma produção de mais de 120 milhões de toneladas de óleo de macaúba, superando em 60% a produção mundial de óleo de palma.


PROJETOS FUTUROS

A INOCAS está expandindo suas operações para a região amazônica. Em parceria com a Iniciativa 20x20, WRI, IAC, UFV, Althelia e Natura, a empresa está realizando uma nova prospecção para identificar as melhores regiões e estratégias visando a expansão do projeto para 30 mil hectares até 2030.

A empresa já demonstrou a viabilidade do modelo "fazendas de dois andares" em 2 mil hectares no Alto do Paranaíba, financiados pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Um novo financiamento foi obtido para outros 4 mil hectares em São Paulo, totalizando 11 mil hectares previstos com o sistema integrado.

Em agosto de 2023, a Native, uma desenvolvedora de projetos e corretora de créditos de carbono dos Estados Unidos, fechou um acordo com a INOCAS para implementar o sistema em cerca de cem propriedades ao longo dos próximos cinco anos. Serão 4 mil hectares, com um custo médio de implementação estimado entre R$ 15 mil e R$ 20 mil por hectare. 


IMPACTO CLIMÁTICO

A macaúba, com sua notável capacidade de regeneração do solo e sequestro de carbono, apresenta-se como uma opção sustentável, contribuindo para práticas comerciais favoráveis ao clima. No âmbito do Projeto INOCAS, o potencial de redução de emissões de gases de efeito estufa (GEE) comparado a pastagens degradadas é estimado em 20,75 tCO2e/ha/ano. Assim, áreas anteriormente prejudiciais ao meio ambiente são transformadas em espaços produtivos que auxiliam na mitigação das mudanças climáticas, tanto com o sequestro de gases de efeito estufa, quanto pela formação de corredores biológicos e pela vazão de água em nascentes.

Com a implementação completa do Projeto INOCAS em 2 mil hectares ao longo de 20 anos, prevê-se uma redução total de GEE de 0,83 MtCO2e. A adoção em grande escala dos sistemas agroflorestais do projeto em pastagens degradadas no Cerrado brasileiro poderia resultar em uma redução estimada de 477 MtCO2e/ano.


RAIO-X

Origem: Patos de Minas (MG)

Fundação: 2015

Modelo: B2B 

Sócio(s): Johannes Zimpel, Katharina Spethmann, Thilo Zelt, Malte Höpfner e Jakob Zunk

Fase do negócio: escala

Funcionários: 26 

CONTATO

Email: contato@inocas.com.br

Website: www.inocas.com.br

Tel. (34) 3814-8638

@inocas.macauba


Anterior
Anterior

O que são Climate Fintechs e como podem impulsionar a agenda climática?

Próximo
Próximo

T&D Sustentável: economia inteligente de água para empresas e hospitais