Case - Bioflore: novos caminhos para a restauração e conservação florestal


SOLUÇÃO

A cada ano, o desmatamento aumenta exponencialmente e agrava ainda mais a crise climática e a perda de biodiversidade. Quando uma floresta é derrubada ou queimada, essa mudança no uso do solo libera uma grande quantidade de CO² na atmosfera, alterando o equilíbrio hídrico e tornando o clima mais seco e quente.

Para reverter esse cenário, o desenvolvimento local precisa estar associado à floresta em pé, o que requer mensurar ativos ambientais florestais, como sequestro de carbono e biodiversidade. No entanto, os métodos tradicionais se baseiam somente em medições in loco que, além de onerosos, demandam uma logística complexa e levantamentos recorrentes.

Com base nesse desafio, a Bioflore desenvolveu a plataforma Floreviewer, que utiliza inteligência artificial e dados obtidos por meio de drones com sensores e câmeras que monitoram o estoque de carbono e a diversidade de espécies arbóreas em diversos ecossistemas do Brasil.

Por meio de plataformas digitais, o planejamento, a gestão e o monitoramento dos projetos de reflorestamento tornam-se muito mais simples e eficazes com informações em tempo real sobre clima, solo e espécies nativas. Planos de plantio, relatórios e geração de conhecimento sobre espécies potenciais para a região são algumas das informações que podem apoiar a geração de produtos florestais não-madeireiros. Além disso, a solução da Bioflore conecta produtores rurais e empresas que buscam compensar suas emissões de carbono para garantir uma cadeia de valor mais sustentável.

HISTÓRIA

A Bioflore surgiu em 2019 como resultado de um mestrado de Heitor Eduardo Filpi na Universidade Federal de Viçosa, em Minas Gerais. Filpi havia retornado de um período acadêmico de um ano e meio na Nova Zelândia, onde conheceu um software que orientava produtores rurais no plantio de árvores com base nas condições de clima e solo. Essa foi a inspiração para replicar um modelo de negócio similar no Brasil, em especial, após os impactos negativos do rompimento da barragem de Mariana, em Minas Gerais, ocorrido nessa época.

Com o desejo de contribuir para reverter o cenário de degradação das paisagens, Filpi uniu-se à professora Hewlley Acioli Imbuzeiro, do departamento de Engenharia Agrária da UFV, para submeter um projeto para o Desafio Ambiental: inovação e empreendedorismo em restauração florestal, da WWF Brasil. O projeto foi o vendedor pelo júri popular da competição, mostrando seu potencial como empreendimento.

Na sequência, Guttardo Pereira, engenheiro de software e atual coordenador de desenvolvimento da Bioflore, se juntou ao projeto para fundar a startup. O começo do negócio coincidiu com o início da pandemia, então, os fundadores aproveitaram para conectar ideias com softwares de programação, criando o primeiro MVP das atuais soluções inovadoras para conservação e restauração florestal.


Ao conectar os produtores rurais e empresas, a Bioflore viabiliza a regularização ambiental com modelos agroflorestais que não só geram renda para produtores locais, como garantem o acesso a alimentos de forma sustentável.
— Heitor Eduardo Filpi, cofundador e diretor executivo da Bioflore

PRINCIPAIS CONQUISTAS

  • Vencedor na categoria júri popular do Desafio Ambiental da WWF Brasil, concorrendo com mais de 130 iniciativas em todo o país.

  • Apresentação do primeiro protótipo no Congresso Mundial de Geofísica (AGU) 2019, em São Francisco, Califórnia.

  • Danilo Roberti de Almeida, um dos cofundadores e atual diretor técnico da Bioflore foi capa da renomada revista internacional Restoration Ecology.

  • Vencedor da etapa nacional da Climate Launchpad 2021, reconhecida como uma das maiores competições de negócios verdes do mundo.

  • Finalista do programa M-start ciclo 8 em 2022, promovido pela Mining Hub.

  • Prêmio de R$ 50 mil como startup destaque do programa Conexões Onda Verde 2022, da Climate Ventures.


PRINCIPAIS APRENDIZADOS

A jornada traz lições diárias, por isso, resiliência é imprescindível para lidar com os vários “não” no meio do caminho. Também é preciso lidar com as dificuldades como uma forma de aprender e de melhorar o negócio continuamente.

Um outro aprendizado é a necessidade de adaptabilidade. Como startup, assumir riscos e mudanças faz parte do processo e nem todas as ideias que parecem boas são as ideais para serem implementadas. No meio do percurso, é preciso refletir, analisar o mercado e, às vezes, pivotar, adequando o modelo de negócio às necessidades do mercado. Como o nosso objetivo vai além do financeiro, porque queremos gerar impacto social e ambiental positivo, é preciso agir rápido e em maior escala, por isso, aprendemos a ser otimistas e persistentes.


PRINCIPAIS DESAFIOS

Entre os principais desafios da Bioflore, a dificuldade de encontrar mão de obra qualificada é um dos mais presentes. Profissionais com experiência em processamento de dados, inteligência artificial, desenvolvimento de software e, ao mesmo tempo, com bom entendimento de temas relacionados a biologia e engenharia florestal são difíceis de encontrar no mercado nacional.

Outro desafio é relacionado a dados. Para que nossos algoritmos funcionem de maneira satisfatória para todas as regiões do Brasil é preciso construir uma base de informações muito robusta, com dados coletados em campo. Por isso, buscamos nos aproximar de grupos de pesquisa em universidades de ponta, como a Esalq/USP, em São Paulo, e a Universidade Federal de Viçosa, em Minas Gerais.


PLANOS PARA O FUTURO

Temos investido em novos projetos com foco nos biomas Mata Atlântica, Cerrado e Amazônia. Faz parte dos planos futuros expandir a equipe e as operações no Brasil. A internacionalização também está no radar e é uma expectativa para os próximos anos. Além disso, o aprimoramento da plataforma Floreviewer e dos modelos de biodiversidade e carbono é um esforço contínuo.


Apresentação do pitch da Bioflore no evento Dia de Conexões Onda Verde.


IMPACTO CLIMÁTICO

A tecnologia desenvolvida pela Bioflore reduz o custo durante a etapa de monitoramento, reporte e verificação, uma das mais custosas no processo de certificação de créditos de carbono. Isso é fundamental para que cada vez mais produtores rurais e empresas tenham acesso ao mercado voluntário de carbono, hoje, restrito a grandes empresas.

Impactos positivos relacionados à segurança alimentar também são relevantes. O trabalho com o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Santa Bárbara (MG) é um bom exemplo. Ao intermediar o fornecimento de alimentos para merendas escolares via agricultores familiares, a nossa tecnologia reduz a necessidade de aquisição de insumos em grandes quantidades e/ou de grandes centros de distribuição, evitando o desperdício de alimentos estocados por muito tempo.


RAIO-X 2022

  • Origem: Viçosa, MG

  • Fundação: 2019

  • Modelo: B2B

  • Cofundadores: Heitor Eduardo Filpi

  • Fase do negócio: operação


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