Venture Capital tem papel central nos desafios das mudanças climáticas

Muitos investidores de risco tentaram evitar lidar com as externalidades ambientais e a complexidade dos impactos climáticos. Mas com o potencial promissor das tecnologias limpas e a necessidade de repensarmos a matriz energética na transição para alternativas renováveis, o otimismo sobre o papel do Venture Capital em financiar e escalar inovações climáticas é crescente.

Em geral, novos empreendimentos são propensos a ser mais adaptáveis ao risco ao incorporá-lo no processo de criação de tecnologias, diferentemente de grandes empresas. Por outro lado, startups apoiadas por capital de risco tendem a gastar mais do que empresas maiores e melhor financiadas, estas, mais orientadas ao mercado, focadas no crescimento incremental e na economia de custos. Mas menos dispostas a correr riscos necessários para desenvolver e comercializar inovações disruptivas.

Como resultado, sem um amplo espectro de empresas ousadas o suficiente para se engajar na pauta da inovação climática, o avanço desse campo depende das startups. Isso representa mais oportunidades para o capital de risco financiar tecnologias experimentais com potencial para transformar um mercado ainda baseado em carvão, petróleo e gás.

Na rede de empreendedores da Climate Ventures, há diversos casos interessantes de startups brasileiras com soluções boas para o clima em setores prioritários mapeados pelo estudo A Onda Verde. A Sunew, por exemplo, introduziu no mercado um filme fotovoltaico orgânico (OPV) que permite gerar energia em superfícies inalcançáveis pelas tecnologias tradicionais. Ou a PrintGreen3D, que transforma o plástico descartado pela indústria e pós-consumo em polímeros com as mesmas características do material original.

Filme fotovoltaico orgânico (OPV) da Sunew.

Mas, Venture Capital não resolve tudo

Financiamento de risco e cleantechs são apenas uma parte da complexa missão de adaptar e mitigar os efeitos das mudanças climáticas.

Reduzir as emissões de gases de efeito estufa (GEE) que causam o aquecimento global requer uma rápida mudança para substituir as indústrias dependentes de combustíveis fósseis por negócios mais limpos, além do engajamento de toda a sociedade. Financiamento, ciência, legislação, empreendedorismo e criatividade devem dimensionar inovações em energia, mobilidade, agricultura, manufatura, florestas e cidades mais sustentáveis.

De acordo com um relatório da Agência Internacional de Energia (IEA), lançado neste ano, metade das tecnologias de que precisaremos para obter emissões líquidas zero ainda não foram inventadas. Isso significa que o imperativo para os Venture Capitalists é acelerar as apostas na implementação e escala de soluções que possam garantir à humanidade um futuro menos propenso ao risco climático a partir do cumprimento das metas do Acordo de Paris, em que as nações de todo o mundo se comprometeram a manter o aquecimento abaixo de 2°C.

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